Separamos aqui o que precisa
Saber sobre
TDAH!

📌 O que é TDAH?
O TDAH é um transtorno neurobiológico, de origem genética, hereditária, mas também fatores ambientais que aumentam o risco de uma criança desenvolver o TDAH, como prematuridade e baixo peso ao nascer, gravidez de fumante, uso de outras drogas, incluindo o abuso de álcool pela mãe durante a gestação. Este transtorno ocorre durante o desenvolvimento da criança e se manifesta, geralmente, antes dos 7 anos de idade,mas pode aparecer após esta idade. Segundo o DSM-5, o TDAH se classifica entre os transtornos do neurodesenvolvimento, que são caracterizados por dificuldades no desenvolvimento que se manifestam precocemente e influenciam o funcionamento pessoal, social, acadêmico ou pessoal. São cinco os critérios diagnósticos (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
Há dois tipos de TDAH. O TDAH combinado, quando a criança apresenta déficit de atenção associado à hiperatividade e impulsividade, e o TDAH desatento, quando a criança apresenta apenas o déficit de atenção. Ou seja, nem toda criança com TDAH é hiperativa, mas toda criança com TDAH é desatenta. Ambos requerem muito cuidado, pois trazem grandes prejuízos à criança quanto ao aprendizado, bem como ao controle emocional, dificultando suas relações socioemocionais.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade(TDAH) é caracterizado, segundo o DSM IV, por inúmeros problemas relacionados com falta de atenção, hiperatividade e impulsividade. Esses problemas resultam de um desenvolvimento não adequado e causam dificuldades na vida diária. O TDAH é um distúrbio biopsicossocial, isto é, parece haver fortes fatores genéticos, biológicos, sociais e vivenciais que contribuem para a intensidade dos problemas experimentados. O distúrbio afeta de 3% a 5% das crianças em idade escolar e vem se tornando o diagnóstico cada vez mais comum entre crianças e adolescentes e sua prevalência é maior entre os meninos.
📌 Quais são as causas do TDAH?
Existe muita investigação científica sobre os fatores que causam o TDAH e a hereditariedade parece ser um deles. De fato, o TDAH é o transtorno psiquiátrico com maior coeficiente de herdabilidade, ou seja, cerca de 70 a 80% dos casos são herdados.
É importante esclarecer sobre doenças genéticas e hereditárias. Doenças genéticas são aquelas que se manifestam por qualquer alteração nos genes, que podem ser herdadas ou não (podem, por exemplo, ocorrer por uma mutação genética durante a formação do bebê). Já as doenças hereditárias são necessariamente herdadas por genes que podem ou não manifestá-la.
Nas pessoas com TDAH, a região frontal recebe um menor aporte sanguíneo do que deveria e, como consequência, há uma diminuição do metabolismo nesta região, que ao receber menos glicose (oriunda do sangue), terá menos energia e funcionará com seu desempenho reduzido. O lobo frontal é o principal responsável pela ação reguladora do comportamento, então, pode-se avaliar que seu hipofuncionamento está diretamente ligado às alterações funcionais apresentadas no TDAH.
Ainda segundo Silva (2003), a forma como o lobo frontal regula o comportamento ocorre pelas seguintes funções: fazer manutenção dos impulsos; planejar ações futuras; regular o estado de vigília; filtrar estímulos irrelevantes, responsáveis pela distração; acionar reações de luta e fuga; estabelecer ligação direta com o sistema límbico (centro das emoções), com o centro da fome e da sede; regular a sexualidade, o grau de disposição física e mental e outros impulsos de aspecto fisiológico. As funções executivas se situam dentre os aspectos mais complexos da cognição, que abrangem seleção de informações, integração de informações atuais junto às previamente memorizadas, planejamento, monitoramento e flexibilidade cognitiva (Lezak, 1995; Gazzaniga et al., 2006).
No entanto, não se pode esquecer que todas as regiões do cérebro interligam-se, formando uma grande rede de informações. Essas informações são passadas de neurônio para neurônio, de regiões a regiões, pelos neurotransmissores que irão determinar a ativação ou inibição destas modulando, assim, o agir dos indivíduos. No caso do TDAH, os neurotransmissores mais participativos nesse processo de desregulação no funcionamento do lobo frontal seriam as catecolaminas, que incluem a noradrenalina e a dopamina.
Existe uma teoria que fala da junção entre fatores genéticos e ambientais, conhecido como gene-environment destacando como a genética exerce influência sobre a probabilidade de exposição para um determinado ambiente; ou então como a manifestação do transtorno depende da exposição a um determinado ambiente em um indivíduo com predisposição genética. Apesar de o transtorno ter a sua origem genética, o desenvolvimento dele seria influenciado pelo modo que os fatores genéticos interagem e afetam uma resposta do indivíduo ao ambiente. Em algumas ocasiões onde o indivíduo teria menos sintomas, postos sob determinadas situações, passaria ter seus sintomas de TDAH ampliados por conta do ambiente em que estaria inserido.
📌 Características do TDAH
As características predominantes do TDAH em crianças são excessivas: dificuldades em manter o foco em atividades que exigem esforço mental prolongado e atividades que precisem de atenção a regras e prazos definidos; dificuldades em iniciar e finalizar tarefas; dificuldades em fazer conclusões, análise e síntese, reconhecer erros e revertê-los; dificuldades em organização, memorização e em seguir fluxos de tarefas e de internalizar conceitos (BENCZIK; CASSELA, 2015). Pacientes com TDAH também podem apresentar dificuldades de autorregulação emocional levando a extrema labilidade de humor (ROHDE; MATTOS, 2012). Além disso, tendem a ser introspectivas, apresentarem irritabilidade, ansiedade excessiva, sono intranquilo e aversão à frustração. Em consequência de tudo isso, podem ter problemas de aprendizagem e de relacionamento.
Problemas emocionais têm sido descritos no TDAH, mesmo sem comorbidades como transtornos depressivos ou de ansiedade, podendo manifestar-se em birras severas e comportamento agressivo, irritabilidade ou labilidade (reações afetivas desproporcionais aos eventos) (PURPER-OUAKIL; FRANC, 2011).
📌 Quais são os sinais e sintomas?
O TDAH (Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade) caracteriza-se por dois grupos de sintomas 1- Desatenção e 2- Hiperatividade (agitação) e Impulsividade. Segundo a tabela de critérios diagnósticos do DSM V, no grupo dos sintomas de desatenção encontram-se:
A. Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento, conforme caracterizado por (1) e/ou (2):
1. Desatenção:
Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais:a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades (p. ex., negligencia ou deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso).
b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas (p. ex., dificuldade de manter o foco durante aulas, conversas ou leituras prolongadas).
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente (p.ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de qualquer distração óbvia).
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex., começa as tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo).
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p. ex., dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e desleixado; mau gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos).
f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado (p. ex., trabalhos escolares ou lições de casa; para adolescentes mais velhos e adultos, preparo de relatórios, preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos).
g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p. ex., materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves, documentos, óculos, celular).
h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos (para adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não relacionados).
i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas (p. ex., realizar tarefas, obrigações; para adolescentes mais velhos e adultos, retornar ligações, pagar contas, manter horários agendados).
2. Hiperatividade e impulsividade:
Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais:
a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira.
b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou em outro local de trabalho ou em outras situações que exijam que se permaneça em um mesmo lugar).
c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado. (Nota: Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a sensações de inquietude.)
d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente.
e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado” (p. ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito tempo, como em restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como inquieto ou difícil de acompanhar).
f. Frequentemente fala demais.
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar a vez de falar).
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p. ex., aguardar em uma fila). i. Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas conversas, jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de outras pessoas sem pedir ou receber permissão; para adolescentes e adultos, pode intrometer-se em ou assumir o controle sobre o que outros estão fazendo).
B. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estavam presentes antes dos 12 anos de idade. • C. Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão presentes em dois ou mais ambientes (p. ex., em casa, na escola, no trabalho; com amigos ou parentes; em outras atividades). • D. Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento social, acadêmico ou profissional ou de que reduzem suaqualidade. • E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são mais bem explicados por outro transtorno mental (p. ex., transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno da personalidade, intoxicação ou abstinência desubstância).
📌 Quais são as consequências do TDAH?
Os sintomas apresentados pelas crianças e adolescentes – hiperatividade, impulsividade e desatenção – causam muitos prejuízos em suas vidas. As dificuldades na aprendizagem; os problemas de relacionamento com colegas e familiares; a falta de planejamento e organização, dentre outros problemas que estas crianças enfrentam em decorrência do transtorno, levam-nas a apresentar uma percepção muito negativa de si mesmas, sentindo-se incompetentes e desajustadas. Por isso, a ansiedade e a depressão aparecem com frequência.
📌 Existem transtornos associados?
A avaliação começa com uma extensa análise clínica do caso por um especialista em TDAH e deve incluir entrevistas com pais ou responsáveis e com o próprio paciente, investigação acerca de comorbidades psiquiátricas a fim de diferenciar os sintomas de outras patologias, como o transtorno opositor e desafiante, depressão, ansiedade, o Transtorno Bipolar, manifestações emocionais, entre outras possibilidades e revisão do histórico médico, psicossocial e familiar, desenvolvimento infantil, vida escolar / profissional; relacionamentos, dificuldades e expectativas mencionadas pelo paciente, que possam estar relacionadas à distração, hiperatividade /agitação e impulsividade, dentre outros sintomas.
📌 Como se fazem os diagnósticos?
É importante ressaltar que o diagnóstico precoce pode prevenir danos graves na aprendizagem da leitura e do cálculo. A avaliação multiprofissional facilitará a identificação, se for o caso, de comorbidades, e, assim, ser proposto o tratamento adequado a cada caso. A escola deve estar atenta ao diagnóstico da criança e às características do TDAH, e buscar a melhor didática (de forma objetiva), alterar o tom de voz, ensinar de maneira interessante, dosar os conteúdos, escutar a criança, estabelecer rotinas mais leves e divertidas, utilizando jogos e brincadeiras para desenvolver e estimular as áreas comprometidas, manter um ambiente acolhedor e reforçador das conquistas e comportamentos adequados.
O Tratamento adequado para as crianças com TDAH deve ser multidisciplinar, inclui medicação, psicoterapia, terapia ocupacional, e, em muitos casos, fonoaudiológico, especialmente quando está presente o transtorno do processamento auditivo. Dentre esses cuidados, a psicoterapia é responsável de forma mais direta pela REGULAÇÃO EMOCIONAL das crianças com TDAH, embora não seja a única, uma vez que em toda e qualquer atividade deve ser incluído este objetivo.
A psicoterapia de crianças com TDAH com o objetivo de desenvolver a regulação emocional envolve uma série de atividades de expressão corporal, verbal e comportamental a fim de estimular a autoconfiança, o controle dos impulsos, a noção de empatia, a redução da ansiedade e equilibrar o regular o humor. Envolve um infinidade de jogos, brincadeiras e materiais, além de técnicas específicas de cada abordagem psicológica, que proporcionam à criança se expressar em ambiente relaxado, tranquilo, sem julgamento e acolhedor.
A avaliação começa com uma extensa análise clínica do caso por um especialista em TDAH e deve incluir entrevistas com pais ou responsáveis e com o próprio paciente, investigação acerca de comorbidades psiquiátricas a fim de diferenciar os sintomas de outras patologias, como o transtorno opositor e desafiante, depressão, ansiedade, o Transtorno Bipolar, manifestações emocionais, entre outras possibilidades e revisão do histórico médico, psicossocial e familiar, desenvolvimento infantil, vida escolar / profissional; relacionamentos, dificuldades e expectativas mencionadas pelo paciente, que possam estar relacionadas à distração, hiperatividade /agitação e impulsividade, dentre outros sintomas.
Escalas de avaliação do comportamento, preenchidas tanto por pais ou responsáveis quanto por professores, são ferramentas úteis para o processo de avaliação dos sintomas, embora não seja recomendado seu uso como única fonte para realização do diagnóstico. Ainda segundo os parâmetros clínicos da Academia Americana de Psiquiatria da Criança e do Adolescente, a utilização de testes psicológicos ou neuropsicológicos não é obrigatória para o diagnóstico do TDAH, mas é recomendada em casos de suspeita de déficits intelectuais ou transtornos de aprendizagem, podendo contribuir de forma significativa para o entendimento de déficits funcionais do paciente.
A partir desta análise preliminar e das características do caso, o especialista pode solicitar outros testes e exames, desde exames médicos - clínicos e/ou neurológicos - ou outros exames psicodiagnósticos, como avaliação cognitiva, neuropsicológica, comportamental e emocional. Uma avaliação mais detalhada se faz especialmente necessária quando há suspeita de outros transtornos, comorbidades ou fortes componentes comportamentais, emocionais ou cognitivos (intelectuais) envolvidos.